Eu não sei ao certo quando isso aconteceu. O momento em que me tornei a minha mãe. É claro que não foi uma transformação completa, mas quando me olho no espelho vejo muito dela. Não estou falando de aparência não, embora tenha herdado muitos traços também. Falo de atitude, comportamento mesmo. Eu tenho orgulho disso e nem me importo mais.
Sabe por quê?
Pensando bem, se ela não fosse como é eu não seria eu quem eu sou.
Ela me deu bons exemplos nas grandes questões da vida. Naquelas que realmente importam. Graças aos princípios dela construí meu caráter e minha índole. Minha essência boa foi cultivada e é isso que importa.
Porque as pequenas coisas a gente tira de letra, né?
E a cada dia que passa eu entendo mais minha mãe. Entendo mais as atitudes dela, compreendo melhor cada não e cada sim que ouvi ao longo da minha vida ao seu lado. Era tudo aos moldes dela, dentro de seus limites daquele momento.
Acho que é mais fácil perceber isso quando se tem filhos. Eu não tenho, mas essa proximidade com os bons velhinhos me fez me colocar no lugar deles várias e várias vezes.
Eu fico imaginando um filho meu chegar em casa com mais uma tatuagem no braço, por exemplo. Ou me contando que fumou maconha. Mesmo que eu não retaliasse, faria um drama absurdo…
Olha eu aí sendo igualzinha a minha mãe!
Seria exatamente o que ela faria comigo. Só que as coisas mudam. Os tempos são outros e hoje talvez ela até tivesse uma atitude diferente. O que requer de mim outra postura também diante da minha mãe.
Vai saber se logo mais ela não me aparece com uma tatuagem ou um piercing por aqui! Vai saber…
Esses velhinhos andam tão modernos! Porque ela também mudou e está toda diferentona. Pra “frentex”, como ela diz agora de posse de seu aplicativos e fazendo bom uso da internet. Então , o lance é pegar leve.
Mas tem coisas que não mudam mesmo. De jeito nenhum. Nunquinha. Esses dias me peguei pensando em quais atitudes eu me pareço mais com a minha mãe. Não achei uma só não, mas uma lista de comportamentos que provam que estou igualzinha a ela. Quer ver?
# A louca da localização
Peço pros amigos mandarem mensagem quando chegam em casa. E pros filhos também! Bendito Whatsapp, né gente? Imagina ter de ficar ligando pra todo mundo pra ter algum sinal de vida? Porque era assim na época da mamãe…
# Vai sempre fazer frio
Digo pra todo mundo levar uma blusa pra sair. Todo mundo mesmo! Virou meio mania, sabe? Outro dia o filho de uma amiga ia pra balada e me peguei recomendando ao garoto levar um casaco… Oh my God!
# Ai minhas manias…
Tenho hábitos estranhos como separar duas buchas para lavar louças: uma delas só para os copos. E deixo isso anotado para quem quiser ver. Não ouse misturar as duas. Tenho a impressão de que o copo não ficará bem limpo. TOC? Que seja!
# Gentileza gera gentileza
Não me conformo com falta de gentileza.Taí uma coisa que não faço questão de mudar. Tem de ser gentil sim! Seja homem ou mulher. Minha mãe sempre prezou pelas pequenas gentilezas como abrir a porta do carro pra ela. E eu também.
# Mas quem é mesmo?
Troco nomes. Eu sei que isso é imperdoável, mas não é por mal. E os nomes nem costumam ser parecidos. Chamo Marta de Solange e assim por diante. Não sei de onde tiro isso. Cismo que a pessoa tem cara de Marta mesmo chamando Solange e aí lascou-se.
# Sem memória
Repito a mesma história um monte de vezes. Repito e repito e repito. Sempre como se fosse a primeira vez. E fico surpresa quando o ouvinte não faz cara de surpresa. Por que será, né?
E vocês? Já pararam pra pensar quais são suas semelhanças com as suas respectivas?
Texto originalmente publicado em Dominique.