Idoso conectado: um alvo fácil de golpes na internet

Época de Natal e todo mundo quer dar aquela lembrancinha para confraternizar e celebrar mais um ano com a família e os amigos. O tempo é curto e já não há aquela disposição para enfrentar a multidão. Então você abre aquele vinho especial, pega uma tacinha e senta confortavelmente na sala para fazer as compras pelo computador porque seu neto já te ensinou tudo. Bendita internet!

Opa… Cadê meu saldo? A ideia era proporcionar conforto e comodidade, mas se tornou um pesadelo.

Cada vez mais conectados, os idosos estão mais expostos aos riscos do ambiente virtual. São considerados alvos fáceis de crimes cibernéticos e, por isso, se tornaram os preferidos de golpistas, que têm aperfeiçoado fraudes para confundi-los.

Mais idade e pouco conhecimento de segurança online dão a deixa para algumas das táticas para criar fraudes envolvendo a Previdência Social, pesquisas de emprego, cartão de crédito e Receita Federal. Há ainda golpes capitalizados na generosidade das pessoas, que costumam transferir doações para instituições supostamente idôneas.

Estima-se que no Brasil e no mundo, as perdas sejam bilionárias, embora ainda subestimadas. Muitas vezes os casos são subnotificados porque os idosos têm vergonha de denunciar. Em outras ocasiões, simplesmente não têm ideia de que algo está errado até que uma agência de cobrança ligue para dizer que um pagamento é inadimplente. 

É claro que pessoas de todas as idades estão sujeitas a perdas, mas a média é de US$ 2 mil para menores de 70 anos; enquanto para os maiores, a cifra chega a US$ 9 mil, conforme reportagem do NYTimes.

Outro dado interessante vem do levantamento global da fabricante de softwares de segurança Kaspersky: 33% dos internautas acima de 55 anos não têm sequer ciência de que pode estar sendo espionado pela webcam sem consentir. Além disso, apenas 25% dos usuários mais velhos desconfiam em compartilhar sua localização.  A pesquisa foi realizada com 12 mil usuários em 21 países, incluindo o Brasil.

Diante disso, e após algumas leituras, deixo aqui alguns cuidados que podem amenizar os ataques no universo digital e dar mais tranquilidade ao idoso que pretende fazer suas compras online, sem deixar de apreciar sua taça de vinho. Mas tudo com moderação!

Vamos lá!

Importante saber que o phishing é um dos principais ataques feitos hoje no Brasil. Chega à vítima por uma plataforma digital, como e-mail ou rede social, e os criminosos se fazem passar por uma empresa, banco ou marca de confiança.

Nesta mensagem, a vítima é convidada a preencher dados pessoais, por meio de uma isca, como uma promoção, por exemplo. Eles costumam criar ataques direcionados, por isso é importante sempre estar atento ao que se compartilha e se acessa online.

Nunca. NUNCA mesmo preencha seus dados, e sempre desconfie de ofertas tentadoras. Além disso, vale lembrar que nenhum banco pede confirmação de dados pessoais via e-mail ou Whatsapp. Quem dá o alerta, e as dicas abaixo, é o Daniel Barbosa, pesquisador de Segurança da Informação da ESET Brasil.

#No e-mail

Evite abrir links sem a certeza de que é um e-mail oficial. De novo: nunca preencha seus dados. Além disso, fique atento ao remetente, empresas oficiais costumam ter o formato “areadaempresa@empresa.com.br”, e não apresentam números e símbolos. Caso a ameaça seja de cancelamento de alguma conta, busque um telefone oficial para contato e esclareça suas dúvidas.

#No Whatsapp

Geralmente o golpe começa por uma mensagem que contém um link, e é enviada por um contato que a compartilha apenas por acreditar que é algo legítimo. Ao clicar no link, você será redirecionado para um site onde é convidado a preencher seus dados. A dica aqui é ficar atento aos links e não clicar caso esteja em dúvida da veracidade do que foi recebido, mesmo que tenha sido enviado por alguém de confiança. No caso de promoções, entre sempre no site oficial da empresa e verifique se a oferta é real.

#No Facebook

Nesta rede social, os golpes podem chegar por mensagem privada ou por um post na timeline. Os golpes costumam ter títulos chamativos, então fique atento a ofertas tentadoras, avise quem compartilhou, caso você perceba que é um golpe, e não clique em links suspeitos.

Na dúvida, a ESET possui o portal #quenaoaconteca. Lá você encontra mais informações úteis para evitar que situações cotidianas afetem a privacidade online.

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Movimento para inclusão do idoso no mundo digital ganha força

Todo dia quando encontro minha mãe ela reclama de algo no smartphone porque não sabe mexer direito. O fato é que ela fuça pra caramba e acho isso bom. Além de distrair-se com o WhatsApp, o ato estimula suas funções  cognitivas como memória, velocidade de resposta e raciocínio. E isso já é comprovado cientificamente.

Mas antes da minha mudança aqui pra perto, ela sequer tinha acesso a internet. E além de pegar no seu pé pela alimentação e prática de atividade física, a estimulei a desbravar esse mundo novo de possibilidades, como acessar o internet banking para controlar o seu orçamento.

Embora tenha sido difícil no começo (e ainda é), é um dever da gente ajudar nessa transição. É claro que nem todo mundo tem paciência e eu mesma já perdi a minha zilhões de vezes, mas já há um movimento inteirinho destinado a inclusão dos 60+ nesse admirável mundo digital. O Senior Geek tá aí pra isso é a prova de que muita coisa bacana pode render a partir dessa boa vontade.

“Acreditamos que tecnologia serve para conectar e não para excluir. Ajudamos os 60+ a desenvolver habilidades no mundo digital de forma simples e divertida por meio de cursos, workshops e bate-papos”, conta o idealizador do projeto, Dudu Balochini, da Totalidade Produtora e Consultoria.

Sinal de que o movimento tem dado resultado vem do Google, que elegeu a Senior Geek como startup zone de 2019. Trata-se de um programa realizado no Campus de São Paulo em que o próprio Google oferece mentoria a iniciativas como a de Balochini.

Foi lá que aconteceu o encontro do qual participei no finalzinho de abril. Os assuntos tratados foram os mais diversos. As pautas incluíram desde a postura adequada para usar celular e o papel do influenciadores seniores, até o potencial do mercado prateado e a telemedicina.

Batizado Business for Senior, B2S, os negócios digitais para e idealizados por maduros têm ganhado espaço em todos os cantos. No final de abril também, a Vila Mariana, o bairro que me abrigou por mais de duas décadas em São Paulo, acolheu também o primeiro hub de inovação do Brasil especializado no público sênior.

Para quem está no limbo dos 50

De acordo com os sócios do projeto, um trio de professores egressos da ESPM – Escola Superior de Propaganda e Marketing, a NEXTT 49+  chega para auxiliar profissionais em transição de carreira e até mesmo aposentados que desejam empreender, investindo em um negócio próprio.

Um público que está em crescente ascensão na sociedade brasileira e que anda desassistido, seja como empreendedor, seja pelo próprio mercado, que lentamente vem descobrindo seu enorme potencial.

Embora não tenha acesso aos benefícios dos 60+, é um grupo que padece de atendimento. Os 49+ representam cerca de 50% da renda bruta familiar e não encontram produtos e serviços desenvolvidos especialmente para seu perfil.

E das 2,6 milhões empresas criadas no País no ano de 2018, 34,2% delas tem por trás pessoas acima dos 50 anos, de acordo com o Sebrae – Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas. É aí que a NEXTT 49+ pode ajudar, com metodologia desenhada para gerar valor e oportunidades para startups, envolvendo grandes empresas e investidores, em uma iniciativa que vai além de um local compartilhado de trabalho.

Além dos empreendedores, a NEXTT 49+ também vai atender executivos seniores que precisam se adaptar ao mercado de trabalho e às transformações digitais e, ainda, empresas de qualquer porte que desejam criar produtos ou serviços para o público maduro.

Tecnologia como aliada da longevidade

A terceira edição do Simpósio de Envelhecimento Ativo da USP – Universidade de São Paulo, é outra iniciativa que este ano dedicou dois painéis inteirinhos para o assunto ao tratar da revolução tecnológica como aliada da longevidade.  Realizado hoje, 16 de maio, o evento reúne profissionais da saúde, estudantes e pesquisadores interessados na área da longevidade.

De acordo com o professor Egídio Lima Dórea, coordenador do Programa de Envelhecimento Ativo da USP, estamos vivendo uma revolução da longevidade que é fundamentada pelo aumento significativo da população idosa mundial. E pela ruptura de vários padrões relacionados ao idoso e do seu papel na sociedade.

“É de fundamental importância que seja criada uma cultura de saúde e bem-estar na maturidade, que inclua, pelos brasileiros, a adoção de hábitos mais saudáveis e atitudes preventivas para que se possa chegar a idades mais avançadas em boas condições física, mental, psicológica e espiritual”, destaca.

As palestras foram desenvolvidas tendo como base o conceito dos quatro pilares – saúde, segurança, participação e aprendizado continuado – desenvolvidos pela Organização Mundial da Saúde (OMS), em 2002, quando lançou o alerta “Envelhecer bem deve ser prioridade global” ao constatar que a população de 60 anos será maior do que os menores de cinco anos em 2021.

O número de idosos cresceu 18% em cinco anos, superando a marca dos 30,2 milhões em 2017, segundo pesquisa nacional realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE. As mulheres são maioria expressiva nesse grupo, com 16,9 milhões (56%), enquanto os homens idosos são 13,3 milhões (44%). Outro estudo, realizado pelo Sistema Estadual de Análise de Dados – Seade, aponta que a população idosa do Estado de São Paulo representa 14,8% dos 44 milhões de habitantes.

Importante destacar que quando se tem boa vontade sempre dá pra ajudar. O nosso papel é incluir aqueles que estão mais próximos. E nessa hora é preciso uma geropedagogia que eduque o idoso para ele seja o protagonista do próprio envelhecer.

Faça sua parte!

Deixo como exemplo o caso do estudante de Direito Alexandre Drabecki, de Curitiba. Ele criou um tutorial para a avó da namorada aprender a usar o WhatsApp no primeiro smartphone da senhorinha.

Desenhado a mão, o manual traz os ícones da rede social e explica o significado de cada um em detalhes. Os comandos vão desde como abrir o aplicativo no celular até ouvir e gravar áudios.

As pessoas curtiram a postagem em que ele conta o feito e logo começaram a pedir para compartilhar o material disponibilizado por ele aqui.

Que tal ensinar algum amigo ou parente mais velho também?

Com Proxxima e Jornal da USP.