Contesto Meryl, mas não quero parecer a Marta

Minha amiga Rosa Bapstistella* deu um depoimento incrível sobre nossas escolhas no processo de envelhecimento. Ou a falta delas. Fazia todo sentido trazê-lo para reflexão nessa Casa.  O que ela nos conta é que não há fórmula contra a idade; um dia, inevitavelmente ela chega. Alguns estão dispostos a fazer qualquer coisa para retardar o relógio, enquanto outros não temem as rugas e entendem que as fases da vida podem ser bacana do seu jeito. Sem perder o humor. Confira!

“À beira dos 70 anos, preciso contar verdades sobre o processo de envelhecimento da pele, para que não se iludam. (E só vou falar da pele, sosseguem.) Está rolando nas redes sociais depoimento atribuído à Meryl Streep do tipo “Que ninguém tire as rugas da minha testa, obtidas pelo assombro diante da beleza da vida; ou da minha boca, blá, blá, blá…, ou a bolsa sob meus olhos, formadas pelas lágrimas…”

Tudo bobagem.

A esta altura da vida, digo pra vocês que não é nada confortável descobrir novas rugas, olheiras pesadas, manchas amareladas a cada olhada no espelho. Se eu soubesse de procedimento e/ou intervenção que melhorasse tudo isso sem esticar minha cara feito papel filme, deixando-me tão artificial como a Barbie ou tão bicuda como Marta Suplicy, mas claro que eu toparia.

Marta Suplicy

Já pensou apagar o bigode chinês? Eliminar todas aquelas malditas ruguinhas em torno dos olhos? E levantar minhas bochechas sem deixar com aquele aspecto de bolinhas de pingue-pongue em cada lado do rosto (vide foto de Meryl)? A testa lisinha? Desde que não fosse um dr. Bumbum, lógico, faria na boa.

Alguns aspectos da “melhor” idade (aliás, melhor para quem, cara pálida?) são de chatice ímpar, mesmo para uma pessoa ativa como eu. Já não chega aposentadoria, banco azul, cartão obrigatório para ocupar vagas em estacionamento – onde tem aquela figurinha simpática, arcada com bengala, estampada no chão????

Imagina se vou olhar no espelho e me conformar: ah,tudo bem, é tão gratificante olhar esta ruguinha bonitinha aqui neste canto que adquiri quando meu ex-marido me botou chifres deste tamanho; ou ah, como é bom ver minha testa franzidinha desde que a simpática Iris Walquiria me demitiu do Estadão; ah, como é bom notar a multiplicação destas manchinhas enferrujadas no meu rosto e colo porque tive tantos dissabores com “amigos” e subordinados!!! As olheiras, ah, gente, as olheiras devo às dolorosas perdas que sofri…

Tá doido? Pirou? Marcas da vida, dores e delícias que vivi estão aqui, bem dentro do meu coração, são minha história. Na realidade, a pele mostra que envelhecemos, pronto, não tem jeito! Pode esticar, NÃO TEM JEITO…

Pode usar cremes riquíssimos em vitamina C, D, H, I, J, L. NÃO TEM JEITO… Um botox aqui, um preenchimento ali, laser na cara toda, plástica, colágeno, fio de ouro, Nefertiti. NÃO TEM JEITO…

Melhora, mas daí a pouco, volta tudo. Envelhecemos, sem volta, está na cara, LITERALMENTE. Nada tenho contra procedimentos dermatológicos, ao contrário. Sabe como é, dar aquele tapinha mais ou menos pra ficar mais alegrinha por alguns dias, vá lá. Mesmo porque, vocês já entenderam que não tem jeito. Agora, dizer que aceito tudo na boa, que cada ruga é um troféu … Tô fora. Sorry, Meryl!”

*Rosa Baptistella é jornalista

Autor: Rachel Cardoso

Sou jornalista e filha única. Aficionada por Esporte e Saúde. Em mais de 20 anos de carreira fiz reportagens sobre diversos temas. Atualmente, colaboro com diversos canais digitais, todos ligados a temas deste Brasil Sênior. Também sou sócia-diretora na Tot Conteúdo Digital. Graças a esse histórico, pude mudar a direção da minha vida e estar perto dos meus pais para acompanhar o processo de envelhecimento deles. Esse blog é consequência disso. Escrever é uma paixão!

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